INSTALAÇÃO

QUANDO A PRAÇA SE TRANSFORMA EM SALA DE ESTAR

Luís Pedro Seixas e Criaverde



Arquitectura | Luís Pedro Seixas

Arquitectura paisagista | Criaverde

Apoio | José Soares de Sousa & Filhos Lda.


Local | Praça D. Duarte

A praça, espaço público por excelência, é o sítio das afectividades. É o local que possibilita a vivência do Homem em comunidade, o espaço que ele partilha com os outros e onde pode interagir com eles e, por isso, é um lugar imprescindível na vida da cidade e na vida dos cidadãos. Também é o lugar intencional de permanência, de circulação, de comércio, o palco de acontecimentos festivos, comemorações e até de manifestações. A Praça permite diversos usos, a qualquer momento e para qualquer um. É um espaço para todos.

Presentemente o espaço público não é visto como sala de estar, quarto de brinquedos, como quintal ou horta. Há uma certa vergonha em reconhecer nas cidades esta apropriação tão “doméstica” do espaço público. As diversas representações imagéticas da cidade registam, quase sempre, momentos limpos, “estéticos”, estéreis, retirando desse registo as pessoas e as actividades que lhe dão vida, significado.

Tal como o quarto não é um quarto por se constituir por quatro paredes, também para que exista uma praça não basta ter edifícios a cercá-la e a delimitar a sua envolvente. Para termos uma Praça, precisamos que haja espaço para as funções informais, quotidianas, vulgares, tão próprias do espaço privado. Rejeitemos o carácter estéril e estético, que alguns insistem em depurar, e pensemos nas Praças como lugares adequados a apropriações espontâneas, orgânicas e dinâmicas. A Praça deve ser um espaço de uso comunitário que atende e serve a comunidade e, porque não?, um prolongamento do interior das nossas casas.

A intervenção na Praça D. Duarte para os JE’14 tem de ser capaz de albergar todas as funções efémeras do acontecimento para aí destinadas, acolher os diferentes actores, usos e apropriações. Tem de ser equilibrada no sentido de ter espaço para o improvável, que permita coisas tão simples como os utilizadores e transeuntes passarem de um ponto aos outros, encontrarem-se, conversarem, que crie espaço para as crianças brincarem, os comerciantes realizarem o seu negócio. Uma intervenção que atenda e sirva toda a população de forma igualitária, sem muros ou grades e que não degenere em formalismo gratuito ou funcionalismo estéril.

Luís Pedro Seixas | Nasceu em Viseu em 1975. Licenciou-se em Arquitectura em 1999 e, em 2000, concluiu uma Pós-Graduação em Design Urbano pelo Centro Português de Design, em colaboração com a Universidade de Barcelona e com o Barcelona Centre Disseny. Entre 2000 e 2002 colaborou com a Light Motif – Arquitectura, Iluminação Urbana e Ambiental. Foi Coordenador Geral do Evento Cultural e Transdisciplinar ”Lisboa Capital do Nada” em 2001. Em 2009, é convidado para ser colaborador externo do projecto PLAC - Plano de Luz e Arte Contemporânea do Campus da Caparica da Universidade Nova de Lisboa. Membro fundador do Cole©tivo L2P1 e elemento do Movimento O|Bairro, exerce desde 2002, em Viseu, a sua actividade profissional de Arquitecto.